A Rádio Renascença - Emissora Católica Portuguesa


Artigo publicado na “QSP – Revista de Rádio e Comunicações” de Agosto de 2011

Na década de 1920, com o advento da radiodifusão, a Igreja Católica viu nesse novo meio uma forma de evangelização. Em 1931, nasce a Rádio Vaticano, durante o papado de Pio XI. Esta emissora difundia a doutrina Católica e informava as actividades do Vaticano, mas também produzia programas dirigidos a todos – católicos ou não.

A 12 de Abril de 1931 é lançada em Portugal a revista “Renascença - Ilustração Católica”, de publicação quinzenal. É no n.º 45, de 1 de Fevereiro de 1933, que a ideia de «(...) um posto emissor ao serviço dos católicos (...)», é lançada, reforçada, mais tarde, no n.º 48 já com a promessa de contribuições para a construção duma futura estação de radiodifusão. Na edição de Maio da “Renascença”, o padre Lopes da Cruz inicia uma série de artigos destinados aos católicos em favor da “Emissora Católica Portuguesa”. No entanto, já o Padre Magalhães Costa tinha lançado um primeiro artigo a defender um posto emissor católico em Portugal, no “Diário do Minho”, a 21 de Março de 1931.

É na figura de Monsenhor Lopes da Cruz que a Estação Católica tem o seu maior impulsionador. Durante anos foram vários os artigos em prol da Rádio Renascença, pedindo donativos aos católicos para que a RR fosse uma realidade. Em 1935, Monsenhor Lopes da Cruz lança uma sociedade com uma quota mensal de 2$50. Esta associação daria mais tarde lugar à Liga dos Amigos da Rádio Renascença – hoje Clube Renascença. 

Após anos de artigos e angariação de fundos iniciam-se, a 3 de Junho de 1936, as emissões experimentais da “Rádio Renascença”, em Onda média e, em Janeiro do ano seguinte, as emissões em Onda Curta, desde o Seminário dos Olivais, em Lisboa. De uma forma geral, a RR chegava a quase todo o país, razoavelmente, em Onda Média e à Europa e África, em Onda Curta.

A Rádio Renascença procura inovar e consolidar aquilo para que foi criada e, em 1937, desde o seminário dos Olivais, são transmitidas as primeiras missas. A “Rádio Renascença – Emissora Católica Portuguesa” torna-se rapidamente numa estação de radiodifusão de referência dos portugueses e a inauguração oficial é efectuada a 10 de Abril de 1938. 

1939 é um ano difícil para a radiodifusão e a RR também tem os seus problemas, com o deflagrar da Segunda Guerra Mundial. Ainda assim, é colocado a funcionar, experimentalmente, o emissor de Onda Média do Porto. A emissora da Rádio Renascença da cidade Invicta é inaugurada a 17 de Maio de 1941. Os estúdios do Porto estiveram instalados na Rua da Alegria e mudam-se anos mais tarde para a Rua Sá da Bandeira, onde se manteve por décadas, mudando-se recentemente para Vila Nova de Gaia, onde possui umas instalações modernas, à altura da exigência dos novos tempos.

Em 1955, a RR participa na constituição da Rádio Televisão Portuguesa (RTP), tendo-lhe cabido uma quota de 4630 acções, a 1000$00 cada. Um novo passo é dado em 1964, com a inauguração do seu primeiro emissor de Frequência Modulada, instalado em Monsanto, estando prevista a expansão desta rede a todo o território.

Um momento triste para a RR acontece a 9 de Junho de 1969, com o falecimento de Monsenhor Lopes da Cruz “Pai” do projecto de radiodifusão católico em Portugal.

Com a revolução de 25 de Abril de 1974, surge um período de instabilidade na RR. Ocupação dos estúdios de Lisboa pelas forças armadas, tentativa de nacionalização, problemas com os trabalhadores, com o governo, etc.. Mas estes contratempos seriam ultrapassados e tornariam a RR numa emissora mais forte e a única estação independente do Estado, pois alem das emissoras da Madeira e Açores, da Rádio Pólo Norte, no Caramulo, e Rádio Altitude, na Guarda, todas as outras estações foram nacionalizadas.

O caminho da Renascença foi sendo trilhado no sentido da inovação. Emissões em Onda Média, Curta e Frequência Modulada, muitas vezes independentes, assim como emissões desde os estúdios do Porto, faziam da RR a opção da maioria dos ouvintes. A 1 de Janeiro de 1987, em plena era das emissoras livres, é criada a RFM – o outro canal da Renascença. Esta nova emissora trabalharia de forma independente do Canal 1 da RR, numa rede de Frequência Modulada, em estéreo, para todo o país. Também são criadas várias delegações regionais que emitiam em Onda Média e em alguns casos em FM, programação independente da rede nacional.

As emissões em Onda Curta foram abandonadas na década de 90, devido aos custos e porque a Internet estava ficar cada vez mais presente. Em 1998 a Rádio Renascença cria a Mega FM (mais tarde Mega Hits), uma rádio direccionada para um público mais jovem. Em 2008, é a vez do público sénior ter uma emissora dedicada a ele - a Rádio Sim. Presente desde a década de 1990 na Internet, é neste campo que a Renascença tem vindo a apostar. Informação multimédia (texto, fotos, vídeo, gráficos), interactividade e, principalmente, a criação da “Página UM” um boletim informativo disponibilizado gratuitamente aos ouvintes em formato .pdf na página da RR (www.rr.pt).

Foram dezenas os programas e os colaboradores que se tornaram famosos e contribuíram para que a Renascença – inserida no grupo r/com - continue a ser hoje o grupo líder de audiências em Portugal.

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